num tempo em que fui de minas juro as minas eram outras. tenho aqui o papel de seda a escrita que trago daquele tempo um dia li em cima das montanhas o novo livro de jó alice nem era nascida e não era são tomé das letras foi numa festa de reis em oliveira
eu tenho aqui cartas ainda manuscritas sobre um tempo de lápis canetas esferográficas recortes de papel e palavras que não se completam
lendo drummond sonbre o poema de olga aprendi que olenka é seu diminutivo gosto de ouvir boleros quando a tarde vai caindo sobre o dia que se vai e noite que se vem não tenho muita paciência com o que não gosto nem muita complacência para dizer que gosto detesto a farsa ou a mentira prefiro perder o amigo a não lhe dizer as minhas verdades
o elefante é mais decente do que toda esta gente do ocidente tão cristão
ouvi isso numa canção do belchior não é de hoje mas cai como uma luva nesses tempos de revoluções pelo oriente médio a carta do Michael Moore para estudantes do seu país é um tapa na cara da hipocrisia norte americana
gosto de outros tempos onde o tempo permitia saber do inimigo cara a cara e despejar na sua cara o que quiser que fosse hoje nem sabemos quem é quem onde se esconde o hipócrita que comanda o circo dos horrores
volto ao tempo dos retalhos fragmentos dos tecidos que juras não cabem secretas na linguagem do cinema que procuro nos lhos de mar da menina que ainda mora em bento e mesmo ainda viva diz que morta está
quando a amante turca me deu um tiro no peito na urca o sangue coloriu o mar da praia vermelha mas a sombra que em teu quarto ainda espelha assombra algum pesadelo ela me cuspiu na cara me atirou na lata da calçada do arpoador e foi como miaragem andar de patins no jardim de alá sem mesmo querer olhar o corpo estendido no chão
foi quando pensei maiakovski e o poema da ressurreição
Lyrics to O Amor (Sobre O Poema De Wladimir Maiakovski) :
Talvez quem sabe um dia Por uma alameda do zoológico Ela também chegará Ela que também amava os animais Entrará sorridente assim como está Na foto sobre a mesa Ela é tão bonita Ela é tão bonita que na certa Eles a ressuscitarão O Século Trinta vencerá O coração destroçado já Pelas mesquinharias Agora vamos alcançar Tudo o que não podemos amar na vida Com o estrelar das noites inumeráveis Ressuscita-me Ainda que mais não seja Por que sou poeta E ansiava o futuro Ressuscita-me Lutando contra as misérias Do cotidiano Ressuscita-me por isso Ressuscita-me Quero acabar de viver o que me cabe Minha vida Para que não mais existam Amores servis Ressuscita-me Para que ninguém mais tenha De sacrificar-se Por uma casa, um buraco Ressuscita-me Para que a partir de hoje A partir de hoje A família se transforme E o pai seja pelo menos o universo E a mãe seja no mínimo a Terra A Terra, a Terra Talvez quem sabe um dia Por uma alameda do zoológico Ela também chegará Ela que também amava os animais Entrará sorridente assim como está Na foto sobre a mesa Ela é tão bonita Ela é tão bonita que na certa Eles a ressuscitarão O Século Trinta vencerá O coração destroçado já Pelas mesquinharias Agora vamos alcançar Tudo o que não podemos amar na vida Com o estrelar das noites inumeráveis Ressuscita-me Ainda que mais não seja Por que sou poeta E ansiava o futuro Ressuscita-me Lutando contra as misérias Do cotidiano Ressuscita-me por isso Ressuscita-me Quero acabar de viver o que me cabe Minha vida Para que não mais existam Amores servis Ressuscita-me Para que ninguém mais tenha De sacrificar-se Por uma casa, um buraco Ressuscita-me Para que a partir de hoje A partir de hoje A família se transforme E o pai seja pelo menos o universo
não tendo quem me ressuscitasse eis que semi morto ainda escrevo escravo da palavra e da fome de dizer sem mesmo querer saber de vodka suicído ou tédio feramenta que os poetas russos costumavam usar contra a opressão mesmo ainda tendo em mente tudo o que um dia me disse belchior
Como Nossos Pais Belchior Composição: Belchior Não quero lhe falar Meu grande amor Das coisas que aprendi Nos discos...
Quero lhe contar Como eu vivi E tudo o que Aconteceu comigo Viver é melhor que sonhar E eu sei que o amor É uma coisa boa Mas também sei Que qualquer canto É menor do que a vida De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem Há perigo na esquina Eles venceram e o sinal Está fechado prá nós Que somos jovens...
Para abraçar meu irmão E beijar minha menina Na rua É que se fez o meu lábio O seu braço E a minha voz...
Você me pergunta Pela minha paixão Digo que estou encantado Como uma nova invenção Vou ficar nesta cidade Não vou voltar pr'o sertão Pois vejo vir vindo no vento O cheiro da nova estação E eu sinto tudo Na ferida viva Do meu coração...
Já faz tempo E eu vi você na rua Cabelo ao vento Gente jovem reunida Na parede da memória Esta lembrança É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber Que apesar de termos Feito tudo, tudo, tudo Tudo o que fizemos Ainda somos os mesmos E vivemos Ainda somos os mesmos E vivemos Como Os Nossos Pais...
Nossos ídolos Ainda são os mesmos E as aparências As aparências Não enganam não Você diz que depois deles Não apareceu mais ninguém Você pode até dizer Que eu estou por fora Ou então Que eu estou enganando...
Mas é você Que ama o passado E que não vê É você Que ama o passado E que não vê Que o novo sempre vem...
E hoje eu sei Eu sei! Que quem me deu a idéia De uma nova consciência E juventude Está em casa Guardado por Deus Contando seus metais...
Minha dor é perceber Que apesar de termos Feito tudo, tudo, tudo Tudo o que fizemos Ainda somos Os mesmos e vivemos Ainda somos Os mesmos e vivemos Ainda somos Os mesmos e vivemos Como Os Nossos Pais...
que mistérios tem clarice o rio o mar o corcovado a rocinha o méier engenho de dentro que mistério tem o centro a direita a esquerda a massa o burguês o proletariado são paulo goiás pernambuco ceará tocantins maranhão que mistério tem eunuco pra não ser mais garanhão que mistério tem a lapa o tapa na cara do povo que mistério tem o velho que mistério tem o novo acari madureira inhaúma que mistério tem pavuna pão de açúcar corcovado que mistério tem a ilha o planalto de brasilha pra sarney mais uma vez ser presidente do senado
alice chuta o elefante com seu pesinho elegante olha o verde o vermelho o azul o amarelo a multi cor do seu brinquedo alice desde que nasceu é música e letra do meu novo samba enredo
que mistérios tem clarice o rio o mar o corcovado a rocinha o méier engenho de dentro que mistério tem o centro a direita a esquerda a massa o burguês o proletariado são paulo goiás pernambuco ceará tocantins maranhão que mistério tem eunuco pra não ser mais garanhão que mistério tem a lapa o tapa na cara do povo que mistério tem o velho que mistério tem o novo acari madureira inhaúma que mistério tem pavuna pão de açúcar corcovado que mistério tem a ilha o planalto de brasilha pra sarney mais uma vez ser presidente do senado
jura secreta 129
a coisa que me habita é pólvora dinamite em ponto de explosão o país em que habito é nunca me verás rendido a normas ou leis que me impeçam a fala a rua onde trafego é amplo atalho pra o submundo o poço onde mergulho é fundo vai da pele que me cobre a carne ao nervo mais íntimo do osso
jura secreta 128
a carne que me cobre é fraca a língua que me fala é faca o olho que me olha vaca alfa me querendo beta juro que não sou poeta a ninfa que me ímã quando arquiteta o salto da abelha quando mel em flor e pulsa pulsa pulsa a matéria negra cor quando a pele que veste é nada éter pluma seda pêlo quando custa estar em arcozelo desatar a lã dos fios do novelo no sol de amsterdã desvendar hollanda e os mistérios da palavra por entre os cotovelos